20.08.25

O Nome de Jesus: Símbolo e Coração da Companhia de Jesus

O Nome de Jesus: Símbolo e Coração da Companhia de Jesus

Na tradição judaica, o nome de Deus é impronunciável. Não por superstição, mas por reverência: nomear é tornar presente, e Deus, sendo infinito, não pode ser possuído nem delimitado. Por isso, o Tetragrama (as quatro letras hebraicas YHWH, que formam o nome sagrado de Deus) é lido como “Adonai” (“Senhor”), e todo o Antigo Testamento gira em torno desse Nome sagrado. Israel é o povo que existe para proclamar esse Nome, cuja identidade é a fiel presença de Deus entre os homens.

No episódio da sarça ardente (Ex 3), quando Moisés vê um arbusto em chamas que não se consome, Deus revela a ele seu Nome: “Eu sou Aquele que é”. Essa fórmula enigmática é menos uma definição filosófica e mais uma promessa de fidelidade: “Eu estou contigo”. O Nome de Deus, portanto, não é apenas uma designação, mas a manifestação de sua presença salvadora. No Sinai, essa identidade se desdobra: Deus é “compassivo, misericordioso, lento para a ira, rico em amor e fidelidade” (Ex 34,6). Proclamar esse Nome não é apenas falar, é viver de acordo com ele.

Com Jesus, o cristianismo reconhece que tudo aquilo que o Antigo Testamento atribuía ao Nome de Deus se realiza plenamente em sua pessoa. O próprio nome “Jesus” (Yeshua) significa “Deus salva”. No hino citado por Paulo na Carta aos Filipenses, lemos que Deus lhe deu “o Nome que está acima de todo nome” (Fl 2,9): ou seja, o próprio Nome divino. A identidade de Deus se revela definitivamente na humanidade de Cristo. Por isso, invocar “Jesus” é mais do que uma oração: é entrar em comunhão com a sua presença.

A tradição cristã desenvolveu a “Oração do Nome”, repetida por monges e leigos desde os primeiros séculos: “Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, tem piedade de mim, pecador”. Essa prática, chamada de “oração da hesíquia”, busca a paz interior por meio da invocação constante do Nome.

No Ocidente, a espiritualidade do Nome de Jesus se difundiu especialmente no século XV, com São Bernardino de Sena, que popularizou o monograma “IHS”, formado pelas três primeiras letras gregas de “Iesous” (Jesus). Com o tempo, passou-se a ler esse trigrama também como acrônimo latino: Iesus Hominum Salvator (“Jesus, Salvador dos Homens”). A haste do “H” foi estilizada como cruz, ligando o Nome à Paixão. O símbolo era frequentemente representado com raios de sol ao redor e três cravos abaixo, aludindo aos votos religiosos: pobreza, castidade e obediência.

Santo Inácio de Loyola adotou esse símbolo como assinatura em suas cartas e escolheu-o como emblema da Companhia de Jesus. Não por acaso: os primeiros jesuítas não queriam ser identificados por outro nome senão o de Jesus. O coração dos Exercícios Espirituais, a união entre os companheiros, a missão apostólica, tudo converge para o Nome de Jesus. Segundo a Fórmula do Instituto, a ordem é “designada pelo Nome de Jesus”.

Por isso, o IHS está presente em toda a arte, espiritualidade e missão jesuítas. Mais do que um símbolo, ele é um lembrete da vocação dos jesuítas: viver e anunciar a presença viva de Jesus no mundo. Como diziam os primeiros companheiros, esse Nome “é mais belo do que a aurora e a luz”, e por ele, “estamos prontos para dar o nosso sangue”.

Artigo baseado no texto de Pe. Jean-Paul Hernández SJ.
Fonte: Communications Office – Society of Jesus (03 jan. 2021).

Continue lendo

Ícone - Agende uma visita
Agende uma visita
Ícone - Matrículas 2024
Matrículas 2024

Utilizamos cookies para melhorar sua experiência em nossos sites e fornecer funcionalidade de redes sociais. Se desejar, você pode desabilitá-los nas configurações de seu navegador. Conheça nossa Política de Privacidade.

Concordo